Crônicas Imperiais - Capítulo I
Crônicas Imperiais: Capítulo I.
A gênese do Reino Insuportável: Os cavaleiros do Apocalipse.
Era uma vez um reino muito tranquilo e feliz, onde sempre reinou a paz, a ordem e a justiça.
Mas enquanto o povo comum se divertia e se congregava alheio ao que ocorria na cúpula do poder do real, o fato é que forças ocultas puseram em prática um perverso plano que somente sua deturpada megalomania poderia explicar.
Como diria o personagem do Jô Soares:
- Deste povo que eu piso.
- Deste solo que eu amo.
- O que é que eu sou?
- Sois Rei, Sois Rei, Sois Rei! (Deveriam gritar os comuns)
Assim, mediante o comprar do apoio popular daquela massa amorfa que se contentava e ria ao receber seu pão e ingressos para o circo e torneios medievais, os quatro cavaleiros do apocalipse chegaram lá. A infiltração deu certo! O poder fez-se deles e quem, doravante, se insurgisse, rapidamente ouviria a sua sentença:
- Cortem-lhe a cabeça.
- Cortem-lhe a cabeça.
Nem a Alice no país das maravilhas sofreria tamanha e injusta opressão.
O Mal, assim, espalhou suas sombras na estrutura do poder real, conquanto...
O Sultão Mandão, o primeiro cavaleiro do apocalipse, o cavaleiro branco, o anticristo, a mente dominante por trás do trono, o abastado financiador dos subornos imperiais com o qual se comprava a comunidade, virou então a mão do rei, isto é, aquele que não é o rei por direito, mas manda tanto ou mais que este. Contrariá-lo não era algo recomendável, pois seus mercenários cães de caça rapidamente apareciam para destruir, neutralizar o mais rápido possível àquele que ousasse levantar uma voz discordante.
O segundo dos cavaleiros do apocalipse era o Lorde Perro Loco, o Capitão da Guarda Real, o Cavaleiro Vermelho, um cavaleiro das guerras, que na verdade não passava de um “porra louca” descontrolado e agressivo membro da corte, qualquer um que porventura caísse na sua lista negra, só teria dois caminhos: Os castigos constantes das masmorras reais e sua perseguição infernal numa cela de isolamento, ou o desterro, o banimento!
O terceiro cavaleiro do apocalipse era o Cavaleiro Turbalina, o Lorde Falso Falsão, que ocupava a função de Septão Real, que em verdade era uma mente brilhante no grupo, não obstante utilizada para o mal. Este nunca dava um ponto sem nó, sua balança não pendia para nada que não fosse em proveito seu e, do seu discurso a prática, a distância era abismal. Também era conhecido como o Septão Falsete.
O quarto cavaleiro do apocalipse era o cavaleiro negro e representava a morte. Este homem muito mal ficou conhecido pelo vulgo de Lorde Valentinho, pois tinha o pavio curto e por tudo pegava ar. Alguém que teve berço humilde, que já fez parte dos comuns, mas que ao chegar à corte não tardou em revelar uma face tão cruel e intolerante como os demais conspiradores que tomaram o poder do reino.
Neste estado de coisas, não tardou a se perceber que todo foco de resistência seria rapidamente aplacado pela força opressora do poder absoluto dos que dominavam a estrutura de poder imperial. O Poder dos quatro cavaleiros do Apocalipse!
O seu jeito de governar e oprimir, num primeiro momento, valia-se de uma espécie de “Soft Power”, ou seja, um poder brando, pelo qual primeiro se intentava aliciar os mais fracos e venais a sua causa, a causa do apocalipse, como se deu, inclusive, com o aliciamento de gente do povo comum, como foi o caso do Calabar (Aquela víbora morto-vivo), que não tardou a trair os seus amigos.
Não funcionando o poder brando, eles não tinham escrúpulos em usar o “Hard Power”, mediante o controle rígido dos meios de comunicação entre os comuns e aplicação de punições prévias e julgamentos sumários sem qualquer valor de equidade; se bem que, como a finalidade dos cavaleiros do apocalipse não era e nunca foi fazer justiça, não era de admirar que a intolerância reinasse e o poder servisse unicamente aos seus detentores.
Em fim, o Poder do apocalipse se instalou no Reino Insuportável, e o pior, ramificou, porquanto não tardou que os asseclas e bajuladores da corte aderissem à causa, dobrassem seus joelhos ao quatrilho e assim passassem a usufruir de um tratamento mais benéfico e aparentemente igual.
Entregar um descontente à guarda imperial, assim, rapidamente tornou-se a melhor forma de alcançar simpatia real e quiçá, mais a frente, um grau de cavaleiro junto à corte, mesmo que um cavaleiro de arremedo, sem propriedade, sem servos, sem condição de mando ou decisão, em verdade, quase um bobo da corte, mas, no discurso, um cavaleiro... embora que sem causa.
E sabem de uma coisa, não faltou também os alcaguetes, estes viraram mesmo umas pragas no reino. Verdadeiros fofoqueiros de ocasião, capachos do nível mais baixo.
Mas o pior tipo dos que aderiam à corte do imperial, ou se esforçavam terrível e bajuladoramente para serem queridos e bem vistos aos olhos do império, não eram os lordes bajuladores, os lordes alcaguetes, mas sim os vassalos traidores.
- A raça de mortos-vivos desprezíveis!
Estes eram tão ruins ou piores que os seus novos senhores, pois em troca de um título de nobreza e mais algumas moedas reais para participarem dos torneios de cavaleiros, não hesitavam em trair e castigar um vassalo, mesmo que fosse alguém da sua própria aldeia, a qual até deixara de frequentar para não se contaminar e se apresentar mal perante a corte.
Desde que a medida de força aplicada contra os comuns servisse aos seus propósitos, e se mostrasse a mão do rei como uma ação de alguém leal e firme no demover de rebeliões, seria feito.
E foi assim, então, que as forças das sombras se impuseram sobre um reino que outrora foi de paz e o mal se fez...
Obs. Continua no Capítulo II: A Saga dos Comuns: Os Rebeldes sem causa!
@diegus_mascaradonis
Colunista FS32/33